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segunda-feira, 29 de abril de 2013

FUSÃO ENTRE KROTON E ANHANGUERA REFLETE A MERCANTILIZAÇÃO DO ENSINO SUPERIOR PRIVADO

União dos grupos cria o maior conglomerado do setor educacional no mundo


Duas das maiores companhias de ensino privado do país, a Kroton e Anhanguera Educacional, anunciaram na última segunda-feira (22/4) uma fusão que criará um grupo avaliado em cerca de 12 bilhões de reais. Tal transação, no entanto, preocupa as entidades estudantis e o movimento social, já que representa mais uma porta de entrada para a desnacionalização e mercantilização do setor educacional brasileiro.

A UNE sempre foi da opinião de que a universidade é estratégica para o desenvolvimento nacional e de que o fortalecimento do seu caráter público, a democratização do seu acesso e a regulamentação do setor privado são eixos fundamentais para que a educação superior possa produzir conhecimento, pesquisa e extensão favoráveis ao país.

Segundo a repercussão na imprensa nacional, a companhia resultante da fusão teria faturamento bruto de R$ 4,3 bilhões, mais de um milhão de alunos e valor de mercado próximo a R$ 12 bilhões. A união das empresas depende ainda de aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE).

Para o presidente da UNE, Daniel Iliescu, o maior inimigo da qualidade da educação brasileira atualmente é a omissão do país frente à mercantilização do ensino e das universidades. ‘’ É um absurdo que o CADE faça uma avaliação apenas econômica ao passo que a excelência acadêmica não é nem sequer citada como um elemento para que o Estado aprove ou faça suas considerações sobre esse tipo de fusão’’, declarou.

O presidente da nova empresa será Rodrigo Galindo, atual presidente da Kroton, que foi indiciado na semana passada no relatório da CPI do Ensino Superior da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), juntamente com o vice-presidente de Operações da empresa, Igor Xavier.
‘’Existe hoje uma cultura da impunidade que deixa o setor educacional totalmente desprotegido. A obtenção de lucros está acima de qualquer comprometimento com a qualidade do ensino’’, destacou Iliescu.

REGULAMENTAÇÃO JÁ!


Está em tramitação no Congresso Nacional o projeto para a criação do Instituto Nacional de Supervisão e Avaliação do Ensino Superior – INSAES. A proposta prevê a criação de um órgão com 500 especialistas responsáveis pela fiscalização das instituições superiores de ensino.

Segundo o projeto elaborado pelo Ministério da Educação (MEC), este instituto fiscalizaria fusões, aquisições, cisões e transferências de mantenças previamente. A realização de avaliações in loco e a suspensão dos dirigentes e representantes de universidades com irregularidades também constam no planejamento.

A UNE defende um projeto de ensino de qualidade e democrático para o Brasil. Mirando esse objetivo, tem como principal bandeira a destinação de maiores investimentos, com 10% do PIB, 100% dos royalties do petróleo e 50% do Fundo Social do Pré-Sal, para educação. A criação de mecanismos que impeçam os abusos de empresários do ensino universitário particular, estabelecendo controle das mensalidades, garantia da qualidade dos cursos e dos direitos dos estudantes dessas instituições torna-se, portanto, o desafio primordial.


Renata Bars

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