MOÇÃO ÁS FRENTES DE ATUAÇÃO NA MOBILIZAÇÃO PELO TRANSPORTE PÚBLICO

MOÇÃO ÁS FRENTES DE ATUAÇÃO NA MOBILIZAÇÃO PELO TRANSPORTE PÚBLICO              

             Nestas últimas semanas o País impressionou a si mesmo e o mundo ao articular-se em torno de uma luta de modo que não fazia há anos. A manifestação é resultado da indignação nacional de um povo que não suporta mais o cerceamento do direito de ir e vir nos espaços públicos, o aumento abusivo das passagens, a falta de mobilidade urbana, as péssimas condições dos transportes públicos. Ou seja, a luta pela redução da tarifa perpassa sobre a discussão da mobilidade urbana em defesa do Plano Nacional de Mobilidade e Passe Estudantil. É de suma importância enxergarmos o nosso papel como agente social e termos foco para avançar na realidade.

            As manifestações que tiveram início na cidade de Goiânia no final do mês de maio e a mídia utilizou de seus recursos perversos para enquadrar o movimento na marginalidade, chamando-os de vândalos. E mesmo desta forma as manifestações refletiram na revogação do aumento da passagem no início deste mês, o que contribuiu para incitar ânimo nas diversas cidades do país. Depois de Goiânia a cidade de São Paulo anunciou o aumento expressivo da passagem de ônibus de três reais para três e vinte, o que reforçou a expansão nacional do ato pela redução da tarifa de ônibus. Nem todas as cidades que organizaram o ato padeceram do aumento da tarifa, foram, entretanto, às ruas para reivindicar todo o sistema de transporte público da sua cidade.

            As proporções do ato foram e estão sendo nacionais, tendo a participação não apenas das grandes metrópoles como também do interior do País, configurando uma realidade substancial de indignação de setores da população que até então não costumavam participar das lutas por mobilidade.

            Este fato configura algo que há muito tempo não era visto no país que é o despertar da sociedade para as lutas sociais e políticas, agregando um valor enorme aos movimentos sociais. Entretanto, não podemos deixar de mencionar que um grupo vêm criando místicas sobre a composição e presença de partidos políticos e entidades estudantis a ponto de tentar restringir e censurar a participação popular organizada na luta pela redução da tarifa. Aos gritos espumantes que tentavam constranger alguns, éramos lembrados a todo o tempo de épocas mais obscuras da história da República.

             É, de certo modo, compreensível esta descredibilização da política perante a sociedade brasileira. Fomos, por muito tempo, ludibriados por governantes que, como caciques, mandavam e desmandavam, alterando os rumos da República ao seu próprio sabor. E alguns deles, sim, sangram nossa pátria até hoje. Há alguns anos, porém, entramos numa rota de expansão econômica, social e democrática, e a mídia – controlada por algumas poucas famílias brasileiras – continua manipulando a opinião pública ao ignorar estes avanços e pregar o ódio contra os partidos de esquerda e os movimentos sociais. Neste sentido, a União Catarinense de Estudantes, compreende que a luta por um Brasil melhor também deve ter como escopo a reforma política, a defesa do financiamento público de campanha e, urgentemente, a democratização dos meios de comunicação, sem deixar de ter em mente que temos outros pontos a avançar: aprovar os 10% do PIB e os 100% dos royalties do petróleo para educação, impedir que a “cura gay” seja aprovada no plenário do Congresso Nacional e, em respeito a todos os avanços historicamente conquistados e aos ativistas que se dedicam todo dia a criar um mundo mais justo, tirar Marcos Feliciano da presidência da Comissão de Direito Humanos da Câmara Federal.

            Em síntese, a União Catarinense dos Estudantes avalia que, além de tudo, a democracia precisa avançar. É necessário, para a concretização das nossas lutas, que todos os setores da sociedade se mobilizem em torno de pautas nacionais de suma importância, e isso perpassa pelo respeito às entidades organizadas que sempre estiveram comprometidas com as causas da sociedade brasileira, pelo respeito aos espaços institucionais no Congresso Nacional e pelo olhar atento às mazelas sociais que ainda temos que superar. Somos estudantes de luta e há muito temos o fogo no coração  e o brilho nos olhos que nos levaram às ruas. Neste momento histórico, convidamos a todos que criaram dentro de si hoje essa vontade, a se juntarem a nós para canalizarmos  toda essa energia que é característica da juventude brasileira e fazer avançar em Santa Catarina e no Brasil!

Jaraguá do Sul, Santa Catarina, 23 de Junho de 2013