Os jovens dirigentes das organizações que promovem a Jornada Nacional
da Juventude Brasileira apresentaram a plataforma das manifestações à
presidenta Dilma Rousseff, em audiência realizada nesta sexta-feira
(4/4), no Palácio do Planalto.
A jornada organizada por mais de 40 entidades defende mudanças
estruturais na sociedade brasileira, como o financiamento público para a
universalização da educação em todos os níveis, o fim do extermínio da
juventude nas grandes cidades, sobretudo negra, a democratização dos
meios de comunicação, garantia de trabalho decente, reforma política
democrática e a Reforma Agrária.
"A jornada é um marco histórico na luta da juventude. Há um antes e
depois dessa jornada. Isso demonstra a importância da mobilização de
rua, que as mudanças estruturais nesse país só se dão com o povo na
rua”, disse Raul Amorim, da Coordenação Nacional do Coletivo de
Juventude do MST.
A série de mobilizações, que começou em 25 de março, somará protestos
em 16 capitais. Já foram realizadas manifestações em São Paulo,
Brasília, Minas Gerais, Paraná, Porto Alegre, Sergipe, Ceará, Manaus,
Piauí e Goiás.
“A reunião acontece no contexto das nossas mobilizações. O principal
fruto desse processo foi levar às ruas milhares de jovens e mostrar o
protagonismo da juventude, tanto nas pautas mais amplas da sociedade
quanto às que dizem respeito à juventude”, disse Carla Bueno, do Levante
Popular da Juventude.
Paulo Vinicius, secretário de juventude da Central dos Trabalhadores e
Trabalhadoras do Brasil (CTB), “os temas da juventude são estratégicos
para o desenvolvimento do país, dentro de um contexto em que há 60
milhões de jovens que enfrentam variadas dificuldades”.
Para ele, a jornada demonstra a distinção entre o papel do governo e o
papel da sociedade, que tem o dever de pressionar para avançar as
mudanças. “Ficou evidente a necessidade do povo brasileiro ir às ruas
para mudar a realidade deste país. Temos que fazer nossas lutas. A lutas
da juventude tendem a crescer. Essa é a nossa tarefa”, acredita.
Educação
Os estudantes cobraram de Dilma a destinação de 10% do PIB, 50% do
fundo social do pré-sal e 100% dos royalties do petróleo exclusivamente
para educação.
De acordo com Manuela Braga, da União Brasileira dos Estudantes
Secundaristas (Ubes), a educação tem um papel fundamental para o
desenvolvimento do país e para a superação das desigualdades.
Segundo ela, a presidenta declarou apoio à demanda, mas ponderou a
necessidade de aprovação no Congresso Nacional da Medida Provisória
592/12, que destina a receita dos royalties do petróleo e recursos do
Fundo Social do Pré-Sal para a educação.
“Para que o país tenha soberania e independência, é preciso uma
reformulação da educação. Essa é uma luta do trabalhador e do estudante
do campo e da cidade. Isso possibilitará mudar em profundidade o Brasil
”, disse Amorim, do MST.
Os jovens defenderam as cotas raciais nas universidades públicas, mas colocaram à presidenta a preocupação em relação às universidades estaduais, uma vez que parte delas ainda não incorporou esse sistema.
Os jovens defenderam as cotas raciais nas universidades públicas, mas colocaram à presidenta a preocupação em relação às universidades estaduais, uma vez que parte delas ainda não incorporou esse sistema.
“Muitas das universidades estaduais trabalham numa lógica de
exclusão, e não de inclusão. Levamos essa questão à presidenta e
esperamos que se faça algo para mudar esse fato”, disse Braga.
Reforma Agrária
Amorim cobrou da presidenta o assentamento imediato das 150 mil
famílias acampadas e a ampliação do programa de agroindústrias do
governo federal. Ele denunciou também que, nos últimos 10 anos, 1 milhão
de jovens saíram do campo brasileiro e migraram para a cidade.
Para o dirigente do MST, o êxodo rural dos jovens é consequência da
paralisação da Reforma Agrária e da lentidão para a generalização de
políticas de desenvolvimento da pequena agricultura. “As políticas
públicas para os jovens do campo são insuficientes”, disse.
A presidenta Dilma não respondeu as colocações relacionadas ao meio rural.
Comunicação
Raul Amorim cobrou a apresentação do projeto com o marco regulatório
dos meios de comunicação e denunciou as ameaças a jornalistas
independentes, citando o exemplo da condenação a pagamento de multa
pelo jornalista Luiz Carlos Azenha, em processo movido pelo diretor das
Organizações Globo, Ali Kamel.
“Está em curso um processo de criminalização de jornalistas
independentes a partir de ações da grande mídia no Poder Judiciário,
como é o caso do Luiz Carlos Azenha”, disse Amorim à presidenta.
O coordenador da juventude do MST pediu que o governo encaminhe as deliberações aprovadas na 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), realizada em 2009, para que seja respeitado o direito à manifestação do pensamento, à expressão e à informação, como garante a Constituição.
Amorim defendeu a implementação de políticas públicas voltadas para a
mídia alternativa, de forma a garantir um sistema de comunicação que
represente a pluralidade da sociedade.
A presidenta Dilma não respondeu as propostas e preocupações, mas
disse que a internet é um espaço democratizador, que deve chegar a todos
os brasileiros por meio da implementação do Plano Nacional de Banda
Larga.
Comissão da Verdade
A presidenta Dilma prometeu levar à Comissão Nacional da Verdade
(CNV) e aos ministérios envolvidos na discussão a proposta de
prorrogação das investigações.
Os jovens defenderam na audiência a prorrogação das investigações
por mais dois anos, maior transparência na divulgação dos relatórios e
criação de um processo de participação popular mais amplo por meio de
audiências públicas.
“Nenhum dos relatórios realizados até agora foram apresentados para a
sociedade. Não há transparência alguma. Não dá para se ter justiça sem
que haja o envolvimento da sociedade civil nesse processo”, disse Carla
Bueno.
Reforma política
Os jovens defenderam que o governo federal trabalhe para fazer a
reforma política, que garanta financiamento público exclusivo das
campanhas eleitorais e a regulamentação do artigo 14 da Constituição
que trata da realização de referendos e plebiscitos de iniciativa
popular.
“Sem a reforma política, a juventude fica fora do debate político,
sendo que é 40% do eleitorado. Mulheres e negros também são
sub-representados”, disse Amorim. Para ele, as eleições no Brasil são
um “processo desleal”, já que quem tem mais dinheiro é beneficiado.
A presidenta disse que a reforma política depende da mobilização da sociedade para pressionar o Congresso Nacional a aprovar a proposta de mudança.
A presidenta disse que a reforma política depende da mobilização da sociedade para pressionar o Congresso Nacional a aprovar a proposta de mudança.
QUEM PARTICIPA DA JORNADA
Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT)
Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG)
Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP)
Associação Cultural B
Centro de Estudos Barão de Itararé
Confederação Nacional das Associações de Moradores (CONAM)
CONEM
Consulta Popular
ECOSURFI
Coletivo Nacional de Juventude Enegrecer
Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil (FEAB)
Federação Paulista de Skate
Fora do Eixo
Juventude da CTB
Juventude da CUT
Juventude da Contag
Juventude do PSB
Juventude do PT
Juventude Pátria Livre
Levante Popular da Juventude
Marcha Mundial das Mulheres
Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST)
Nação Hip Hop Brasil
Pastoral da Juventude
Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP)
Rede Ecumênica da Juventude (REJU),
Rede da Juventude pelo Meio Ambiente e Sustentabilidade (REJUMA)
União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES)
União Brasileira de Mulheres (UBM)
União da Juventude Socialistas (UJS)
União Nacional dos Estudantes (UNE)
Via Campesina
Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG)
Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP)
Associação Cultural B
Centro de Estudos Barão de Itararé
Confederação Nacional das Associações de Moradores (CONAM)
CONEM
Consulta Popular
ECOSURFI
Coletivo Nacional de Juventude Enegrecer
Federação dos Estudantes de Agronomia do Brasil (FEAB)
Federação Paulista de Skate
Fora do Eixo
Juventude da CTB
Juventude da CUT
Juventude da Contag
Juventude do PSB
Juventude do PT
Juventude Pátria Livre
Levante Popular da Juventude
Marcha Mundial das Mulheres
Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST)
Nação Hip Hop Brasil
Pastoral da Juventude
Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP)
Rede Ecumênica da Juventude (REJU),
Rede da Juventude pelo Meio Ambiente e Sustentabilidade (REJUMA)
União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES)
União Brasileira de Mulheres (UBM)
União da Juventude Socialistas (UJS)
União Nacional dos Estudantes (UNE)
Via Campesina
(Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)
Da Redação com informações do MST
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