Nesta sexta, sábado e domingo
(29,30,31), a cidade Camaçari (Bahia) recebeu o 5º Encontro de Mulheres
Estudantes da UNE, o EME, evento construído com e para as mulheres.
Na abertura do evento, Daniel Iliescu,
presidente da UNE saudou as mulheres da entidade, destacando a
importância delas na universidade, e recordando também a atuação delas
dentro da UNE.
“Não tenho dúvida que neste espaço está
constituído o que há de mais avançado de política e na luta de ideia
para emancipar as mulheres e nosso povo. A luta feminina é parte do
nosso todo. A luta pela emancipação só é completa se for comungada de
forma conjunta. É a luta por um horizonte igualitário para a nossa
espécie”, destacou Iliescu.
O presidente ainda citou nomes de
mulheres que ficaram marcadas na luta pela igualdade, como Helenira
Rezende, vice-presidente de UNE morta durante a guerrilha do Araguaia na
década de 70, Maria Quitéria, Anita Garibaldi, entre tantas outras
guerreiras da história do país.
Políticas públicas para as mulheres
A
representante Secretaria de Políticas para as Mulheres, Tatau Godinho,
lembrou dos grandes avanços na luta das mulheres em uma perspectiva
histórica. E ressaltou que todos os avanços inclusive a criação de uma
Secretaria específica foi fruto de um processo de lutas que foi
construindo um espaço de autonomia das mulheres e que este nunca é um
processo sem possibilidades de perdas. Ou seja, é preciso cuidar também
para que não aconteça retrocessos. Para ela são duas questões
fundamentais de ganhos históricos. “Primeiro a ideia e a disputa para
que a mulher pudesse ocupar e exercer no espaço público. Romper com o
cerceamento de que a nossa função e nosso papel na sociedade era no
ambiente doméstico. O direito de estar presente no espaço público e de
participar da política”, destacou.
Depois disso, segundo Tatau, o grande
avanço das mulheres está em serem sujeitas da sua própria vida e da sua
própria história. “Das mulheres se construírem com dependência e
autodeterminação”, afirmou.
Para ela romper barreiras significa
construir tensões na sociedade. De acordo ainda com a representante da
SPM a dinâmica da desigualdade de gênero, de raça se entrelaçam a ponto
de construir relações num processo de reorganização desordenada.
“Sabemos que a opressão não atinge de maneira igual todas as mulheres. É
muito importante que ao trabalhar na construção de novas relações
sociais entendermos como opera a desigualdade? É essa compreensão que
vai fazer com que a gente pense propostas de políticas sociais ou de
organização que tenham o sentido de romper com a desigualdade de
mulheres e homens”, destacou.
E continuou: “Nós consideramos que é
fundamental que o Estado tenha um papel de intervenção para que a gente
tenha capacidade de incidir sobre essas áreas. Nós precisamos romper
barreiras cotidianas, saber fazer o feminismo no dia a dia, independente
como ele se nomear.”
Políticas públicas para as jovens mulheres
Para Angela Guimarães,
que acumula as funções de presidente do Conjuve, e secretária nacional
de Juventude, o legislativa brasileiro tem conseguido discutir pautas
avançadas, como o estatuto da juventude, a PEC das domésticas, o PNE que
será aprovado, a aprovação dos royalties, entre outras.
Segundo ela nas conferências nacionais
na juventude a participação das mulheres é massiva. “Isso se faz
refletir nas nossas pautas”, garantiu. E apresentou duas bandeiras já
apresentadas Conjuve que refletem essa luta: o aborto e a garantia do
atendimento humanizado na distribuição de preservativo e da pílula do
dia seguinte.
Angela lembrou o tempo de criação do
Conjuve em 2005 e disse que o país está no seu segundo ciclo de
políticas públicas de juventude desde então.
De acordo com a secretária temos
atualmente no Brasil a maior população de jovens da nossa história, são
51 milhões, a maior parte são mulheres com nível de escolaridade
superior aos homens. “Enquanto Conselho e secretária Nacional de
Juventude queria propor junto com a SPM um seminário nacional para
discutir políticas públicas para jovens mulheres, demandas próprias
dessa parte da vida, conflitos, e um recorte feminista nas políticas
públicas num geral”, disse ela.
Sobre o EME, Angela disse ainda que é
essa organização do movimento estudantil que tenciona o poder público.
“É a garantia que os nossos projetos podem fazer diferenças diretas na
vida dos jovens”, afirmou.
Jovens no Poder
Para a estudante
Michele Santos, Coletivo Candaces, as universidades precisam de uma
reforma curricular que envolva questão de gênero e de raça. “Para que a
gente não continue perpetuando apenas conhecimento desenvolvido por
homens e brancos”, destacou. Michele acredita que a universidade ainda
não tem um recorte de gênero que ajude todas a continuarem dentro das
universidades. “Já foi comentado sobre as residências estudantis que não
admitem alunas grávidas, falta de creches, entre muitas outras coisas.
Até mesmo no movimento estudantil os espaços não são ocupados por
mulheres e principalmente por negras”, destacou.
Segundo Michele ainda os jovens tem que
ocupar espaços importantes agora. “Temos que propor e exigir políticas
públicas de juventude e precisamos ser empodeiradas agora enquanto
jovens”, finalizou.
Redação com UNE
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