Marcado pela força das mulheres, evento na FEA-USP destacou necessidade de reforma política
Mais de 60 entidades do movimento social brasileiro e estudantes de todo o país participaram, nesta quinta-feira,
1º de agosto, da posse das novas diretorias da União Nacional dos
Estudantes (UNE) e da União Estadual dos Estudantes de São Paulo
(UEE-SP). O ato foi marcado pela chegada de duas presidentas às
entidades, Vic Barros na UNE e Carina Vitral na UEE-SP, o que demonstra a
força feminina atualmente no movimento estudantil.
A posse aconteceu no auditório da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da USP (FEA-USP). A partir
do grande apoio do Centro Acadêmico Visconde de Cairu, foi possível
realizar o evento dentro da maior universidade do país, ocupando o
espaço pela diversidade de jovens e ideias da luta estudantil e
transmitindo tudo ao vivo pela internet na TV UNE.
Se você perdeu ou quer rever a transmissão da posse da UNE, clique aqui:
REFORMA POLÍTICA
FORÇA DAS MULHERES
O
clima da posse foi de unidade e organização dos movimentos para
enfrentar os desafios que estão colocados no período histórico por qual
passa o país, após as grandes jornadas de lutas do mês de junho. Líderes
como o coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra
(MST), João Pedro Stédile, pontuaram a necessidade de reformas
estruturais no Brasil, entre elas a reforma política.
“Estamos vivendo momentos muito complexos da luta de classes
do nosso país”, afirmou Stédile. Segundo ele, essas reformas “não virão
do parlamento, apenas da luta social”. E completou: “Pode se estar
abrindo um novo caminho, como o ocorreu na época da construção da
constituinte. Nós temos que estar sempre juntos, disputando espaço com a
direita nas ruas”.
O
ex-presidente da UNE e representante da Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB), Aldo Arantes, defendeu o projeto de iniciativa popular pela
reforma política recém lançado pela entidade em conjunto com outras
organizações, o projeto Eleições Limpas. Para ele, não é suficiente ir
para a rua sem uma bandeira política definida. “A sociedade tem que
unificar um ponto de vista. A reforma é tão importante e decisiva que
não pode ser de um partido, mas a proposta de todo o povo brasileiro”,
destacou.
Para
a nova presidenta da UNE, as manifestações de junho escancaram os
limites da política institucional. “O Brasil pode estar no limiar de uma
nova fase de aprofundamento e ampliação da democracia, de elevação dos
níveis de participação popular na vida política e na governança do
País”, afirmou Vic Barros.
No
entanto, ela questionou a solidez do sistema político nesse cenário,
com a perpetuação do poder econômico para decidir eleições, gerar
desigualdades e exclusões. “O fim do financiamento privado de empresas,
nas campanhas políticas, contribuiria para inverter essa lógica e
localizar o debate em torno de ideias e não campanhas publicitárias
milionárias. Com a lista partidária e a liberdade da internet podemos
nos aproximar de mandatos comprometidos com os interesses populares”,
defendeu.
Uma
mesa composta por uma maioria de mulheres empossou as representantes e
os representantes das entidades estudantis pelos próximos dois anos. A
ascensão feminina reverberou em todos os discursos.
A
presidenta eleita da UNE destacou que uma das tônicas dessa gestão será
o combate ao machismo, “para que no futuro as pessoas não achem mais
incomum uma mulher ser presidenta da UNE”, justificou. Vic disse que
espera daqui um tempo ver uma participação menos tímida das mulheres nos
espaços de poder. “Me sinto muito responsável e tenho muito orgulho por
ser mulher, presidenta da UNE e feminista”, pontuou. A presidenta da
UEE-SP, Carina Vitral, destacou: “Hoje, temos seis mulheres à frente de
Uniões Estaduais dos Estudantes em todo o Brasil”.
A
deputada estadual Leci Brandão e Nalú Faria, da Marcha Mundial das
Mulheres, fizeram questão de comparecer à posse e aproveitaram o tema
para pedir a aprovação do Projeto de Lei 03/2013, que obriga o SUS a
prestar atendimento emergencial e multidisciplinar para mulheres vítimas
de violência sexual.
Outra
presença importante e de destaque na posse dos novos diretores da UNE e
da UEE-SP, foi a da presidenta da Assembleia Nacional do Equador,
Gabriela Rivadeneira. Mulher, jovem -tem apenas 30 anos- ela e é a
primeira universitária a presidir o que, em comparação com o Brasil,
seria a Câmara dos Deputados.
Rivadeneira
contou um pouco da experiência sobre as ações educacionais do
presidente do Equador Rafael Correa e destacou também a preocupação com a
equidade de gênero e com o empoderamento da juventude equatoriana. “Os
estudantes da América Latina estão unidos para mudar a política. A luta
contra o imperialismo é uma luta mundial”, afirmou.
Participaram
ainda do ato os deputados Protógenes Queiroz (PCdoB-SP), Ivan Valente
(PSOL-SP) e Alcides Amazonas (PCdoB-SP). Entre as dezenas de entidades
representadas também estiveram a Central Única dos Trabalhadores (CUT),
Central do Trabalhadores e Trabalhadoras Brasileiros (CTB), Central
Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB) e entidades estudantis como a
ANPG, UBES, UPES, UMES-SP e várias UEEs do Brasil.
Da Redação
www.une.org.br
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